Recepção no Volei: treinamento tático e técnico


O jogo é elemento central na aprendizagem, deverá por isso estar sempre presente em cada faixa etária no treinamento e ser organizado de modo tal, que todos os que participam devem tocar na bola o maior número possível de vezes. A recepção do saque é durante o treinamento um dos pontos de maior atenção.

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O Voleibol do Brasil é carente de atletas que o executem a recepção permanecendo em boas condições de equilíbrio para realizar um ataque, também pela representação que tem o fundamento na continuidade e na organização do jogo. Em minha carreira não busquei executar coisas muito novas, mas insisti em fazer bem as coisas de sempre.

A perfeição do gesto técnico não esta na biomecânica perfeita para a ação, mas na sua adaptação ao momento e as variações do jogo, ou seja, para cada situação teremos o gesto certo. Sendo o Voleibol um desporto de “situação”, a manchete para recepção do saque, representa exatamente o que foi dito anteriormente. Deve-se aos jovens, escolher o que ensinar, a este ponto deve-se especializar mais ou menos um jogador, escolhendo a prioridade a ensinar. O método global de treinamento objetiva recriar situações tal e qual aquela dos jogos, se faz, que não para treinar a equipe, mas para treinar melhor e mais veloz todas as técnicas do voleibol. Ele permite ao jogador reconhecer imediatamente durante o jogo, as situações treinadas durante a semana. A teoria do treinamento global, todavia tem um grave erro, isto é, se começa a treinar uma situação de jogo e se transgride nos problemas técnicos. Sobretudo na sua correção, ou quando se corrige, se arrisca faze-lo somente em situação analítica.

Treinamento da técnica

O recebedor deve ter como característica uma boa superfície de apoio, a maior possível, executa-se trabalhos utilizando como recurso a parede. A atleta se posiciona diante de uma parede de superfície plana e realiza a manchete, com alternância de altura da bola, distancia da parede e velocidade da bola. Estes trabalhos eram realizados na freqüência de três vezes por semana no Bloco A1 (Anexo VI), e duas vezes por semana no Bloco A2 (Anexo VII). O problema na recepção de saque não é tanto pelo deslocamento, mas sim entender ou avaliar bem, aonde vai a bola, desta forma dedica-se um trabalho específico para a avaliação de trajetória de saque. As variações são executadas primeiro com o saque dos treinadores, em distancias alternadas, em planos superiores e em velocidade alternadas, e em outro momento com o saque das próprias atletas. Na correção da técnica não se deve treinar todos os jogadores da mesma maneira. A individualização do treinamento faz-se necessária e os exercícios devem apresentar graus de dificuldades diferentes para cada atleta. A aprendizagem dos desportos tem acontecido, na sua grande maioria, pela repetição de gestos técnicos e copias de treinamento de equipes adultas. Báfero (1996, p.26) diz que: “A maioria das “escolas” de voleibol, fundamentadas na cultura do voleibol brasileiro, proclamam que “saber voleibol” é jogar como se joga no alto nível.” Nossa preocupação foi a adaptação dos exercícios para cada situação de jogo, e não com a repetição dos gestos isolados, a variedade de estímulos deve ser feita durante cada sessão de treinamento. Vários artigos publicados no periódico Journal of Physical Education Recreation and Dance – (JOPERD, 1996), revelam a aprendizagem dos jogos/esportes, por meio da compreensão deles e não da pura e simples repetição. Afirmam que a repetição pura não serve para resolver um problema criado num jogo, pois a atleta só executa movimentos predeterminados. A função de um treinador de jovens atletas, é aquele de dar o número maior de informações possíveis, para propiciar a atleta, uma gama cada vez maior de atitudes motoras, representando assim uma forma de evolução.

Treinamento tático

A base de uma boa recepção do saque, muitas vezes não está na qualidade técnica das atletas que fazem parte da recepção, mas de uma boa estrutura tática. Preocupa-se em primeiro lugar, como definir as atletas que fariam parte desta estrutura, observando os seguintes aspectos: qualidade técnica da execução da manchete, condições de adaptação ao esquema tático proposto, coragem, qualidade de deslocamentos. A proposta foi de utilizarmos a estrutura de três passadoras nas seis posições. Nossas passadoras seriam as jogadoras atacantes de ponta e a Libero, tendo como opção a jogadora oposta para algumas situações de jogo. A recepção com quatro atletas seria utilizada quando, nosso adversário utilizasse um saque em salto (tipo viagem) com força e eficiência. Nos treinamentos técnicos foram treinadas alem da parte técnica a relação entre as jogadoras da posição 6 e 1 e das posições 6 e 5, alternando as atletas. As novas táticas de saque (saque partindo de qualquer ponto de fundo quadra) a partir de 1996 promoveram uma grande alteração no sistema de recepção. Muitas vezes o jogador que executa a recepção deverá atacar do fundo. Numa mesma sessão de treinamento a recepção deve ser treinada de forma variada, para que haja uma boa adaptação das atletas as situações solicitadas no jogo. A atleta deve realizar gestos que serão aplicados no jogo, na seqüência do jogo, tomando decisões nos momentos adequados. Treinamentos devem ser realizados prevendo estas situações, tais como jogos de 1 x 1, atacante de fundo contra atacante de fundo após a recepção, obrigando a efetivação do ataque, independente do tipo de saque aplicado pelo adversário. A qualidade da recepção definirá a possibilidade do primeiro ataque da equipe e a velocidade do jogo. No período da tarde os treinamentos foram dirigidos para esta relação, ou seja, o treinamento das situações de jogo, com “jogos combinados”, exercícios que proporcionam situações imprevistas e situações preestabelecidas de jogo. O ajuste da recepção dependendo da colocação do sacador adversário, e do tipo de saque, deve ser treinada em situações de continuidade de jogo. Uma das formas que podemos utilizar são os exercícios em forma de competição. Exemplo: Saque e Recepção 3 contra 3; duas equipes sendo uma em recepção e outra em saque. A equipe que saca efetua 20 saques, a pontuação para a equipe que recebe é feita a cada recepção perfeita ou a cada erro de saque do adversário, perdendo um ponto a cada “ace” do adversário. Após os 20 saques, troca-se de função, passando a equipe que sacou a receber e vice e verso. Vence o jogo, aquele que realizar maior numero de pontos em melhor de 5 sets. No Anexo XXII, Campeonato Mundial Juvenil, apresenta-se situações de jogo, onde a tática de recepção foi modificada em função da eficiência do saque adversário. Optou-se pela inclusão da jogadora de saída de rede (oposta a levantadora) para receber o saque da equipe da República Theca, pois estas estavam dirigindo o saque nas nossas jogadoras de ponta. Esta tática de saque estava atrasando o ataque e com tal mudança retomamos o controle do jogo.

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