Ataque: treinamento tático e técnico

Bola de vôlei: como escolher a ideal para o seu jogo?


A importância do ataque no jogo de voleibol é quase unânime na opinião de todas as pessoas relacionadas com o desporto. Até os anos 70, os ataques eram dentro de um padrão de força e inclusive de gesto técnico, como por exemplo, o apoio dos pés para o salto era feito de forma simultânea e com pés paralelos.

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Nos jogos olímpicos de Munique 1972, os japoneses e alemães começaram a demonstrar outros tipos de corrida e de saltos, como o salto em um pé. A quebra deste padrão passou a caracterizar a individualização do gesto, onde cada atleta se adapta as suas características. Deve-se trabalhar o ataque em todas as suas fases, trabalho este, que seguindo os padrões motores da idade (17 a 19 anos), utilizando tanto o método analítico como o global. Ivoilov (1986), afirma que o ataque é dividido somente em quatro etapas: corrida de aproximação, o salto, o golpe propriamente dito e a aterrissagem. O autor ainda completa que a corrida de aproximação se divide em três micro-fases:inicial, central e final, ponto em que concordamos e para os quais devemos dar ênfase nos treinamentos

Treinamento da técnica

No trabalho técnico de ataque, procurou-se antes de tudo um domínio do fundamento no que diz respeito principalmente ao encaixe (golpe na bola), e na manualidade (controle e variação do pulso na ação de ataque). 

Deu-se muita ênfase ao controle e variação do pulso no momento do ataque, trabalhando com uma freqüência diária esta fase do fundamento. Entende-se que uma atleta que possua controle de direção e força na execução do ataque pode facilitar as ações defensivas de sua equipe, no caso de não conseguir efetuar o ponto direto. A fase da corrida de aproximação define uma boa condição a atleta, de efetuar um ataque vencedor. A avaliação da trajetória da bola levantada e o tempo de saída, são momentos que devem ser treinados com muito rigor e com muitas variações. Para tal fase utilizam-se recursos como, auto levantamento (a atleta executa o lançamento da bola para si mesma e efetua o ataque), ataques com levantamentos de alturas variadas, ataques com bolas levantadas a partir da zona de defesa, etc. Na fase do golpe propriamente dito, procurou-se não estabelecer um padrão de posicionamento dos braços, ou seja, trabalha-se com atletas, respeitando o padrão de movimento adquirido por ela. No Brasil temos treinadores que desenvolvem diferentes trabalhos no que diz respeito ao braço de ataque. Dois tipos de modelo de gesto técnico para preparação do braço de ataque: um com o cotovelo atrás na altura do ombro e outro com o cotovelo alto e mãos atrás da cabeça, acredita-se que o gesto primeiro possibilite aos atletas melhores condições de realizar o ataque, porém ressalta-se a importância em respeitar a individualidade de cada atleta. Procurou-se dentro deste padrão aperfeiçoar e tornar eficaz o ataque, trabalhando com recursos técnicos para cada atleta. A fase de aterrissagem é uma fase que normalmente não é treinada de forma mais detalhada. Acredita-se que esta fase é que coloca o atleta em condições de contra atacar com maior eficiência. Uma boa aterrissagem propicia ao atacante uma retomada de posicionamento para executar um novo ataque ou mesmo uma ação de bloqueio, em condição de equilíbrio e controle do jogo.A queda deve ser feita com os dois pés e buscando o equilíbrio do corpo, através de um bom controle abdominal e de semiflexão dos joelhos. Trabalhou-se com situações especificas, como por exemplo: a atleta realiza um ataque e após a queda o treinador lança uma bola pala ela mesma passar e contra-atacar. O movimento dos braços no ataque, são de fácil interpretação pelas bloqueadoras, torna-se necessário definir técnicas para usar contra o bloqueio simples, duplo ou triplo. Utilizou-se varias formas, que a seguir apresentamos: Ataque na mão de fora do bloqueador de extremidade, como recurso contra um bloqueio defensivo ou mais alto que o atacante. Ataque na mão de fora do bloqueador central, como recurso contra um bom posicionamento da defesa e um bloqueador central que mantém o braço externo afastado da rede. Ataque alto, nos dedos da bloqueadora, tanto de extremidade como central, como recurso para bolas levantadas altas, que propiciem ao bloqueio tempo necessário para se equilibrar. Largadas como recurso de quebra de ritmo da defesa e do bloqueio. Ataque fora da zona de bloqueio, buscando a defesa adversária e principalmente contra ações de bloqueio simples. Finalmente a alternância de força no ataque como arma poderosa contra a defesa adversária.

Treinamento tático

A necessidade em surpreender o bloqueio adversário e a criação de recursos técnicos nos atacantes levou alguns treinadores a preocupar-se com diferentes elementos. 

Delgado (1998) define dois aspectos no ataque, a criatividade e a técnica mais a potência. Entende-se que a potência utilizada não no momento certo e no lugar certo, pode colocar uma ação de ataque em situação desfavorável. Preocupa-se atualmente em dar liberdade ao atleta (tomada de decisão), para que o mesmo desenvolva sua criatividade durante uma sessão de treinamento e consequentemente durante uma partida. A criatividade em um atacante deve ser desenvolvida de diversas formas, como, por exemplo, criando jogos de ataque contra bloqueio, ataque contra defesa, ataque contra bloqueio e defesa. Desta forma as regras estabelecidas para o atacante são duas, a bola deve ser atacada no chão adversário ou explorando o bloqueio (bola que toca o bloqueio e cai). Como variações táticas desenvolvemos movimentações que provocam, no sistema defensivo do adversário, instabilidade e que não tenham a possibilidade de antecipar nossas ações. Utilizou-se o treinamento das fintas (jogadas combinadas com a participação de dois ou mais atacantes). O treinamento foi dividido em partes, primeiro o tipo de bola que o atleta numero um irá executar, e depois os tipos de bola do segundo atleta e assim por diante. A combinação destes tipos de ataques foram treinadas juntas, em um primeiro momento isolado do jogo e em um segundo momento em situações de jogo. Ponto importante neste tipo de ação é o sincronismo e avelocidade de execução. Utilizou-se vários tipos de combinações (fintas).

Jogada 1 - Pela posição 4, com a atleta da posição 4 (P4) e a atleta da posição 3 (P3), atleta P3 ataca uma bola de trajetória rápida (chutada de meio) e a P4 ataca uma bola mais curta entre a levantadora e a central (Between).

Jogada 2 - Pela posição 4, com a atleta P3 na mesma bola anterior e a atleta P4 em uma bola de trajetória mais alta, atrás da P3 (volta da Between).

Jogada 3 - Pela posição 4, a atleta P3 ataca uma bola rápida próxima à antena (chutada de ponta) e a atleta P4 ataca uma bola baixa, próxima da levantadora.

Jogada 4 - Pela posição 4, atleta P3 ataca uma bola de trajetória rápida a mais ou menos 3 metros da levantadora (chutada de meio), e a atleta P3 ataca uma bola de trajetória rápida a mais ou menos 5 metros da levantadora (chutada de ponta).

Jogada 5 - Pela posição 2, atleta P3 ataca uma bola de trajetória rápida na posição 2, salto com um pé (China) e a atleta da posição 2 (P2) ataca uma bola rápida, entre a levantadora e a atleta P3.

Jogada 6 - Pela posição 2, a atleta P2 ataca uma bola rápida próxima à levantadora (tempo costas), a atleta P3 ataca uma bola atrás da atleta P2.

Jogada 7 - Pela posição 2, a atleta P3 ataca uma bola rápida na posição 2 (China), a atleta P2 ataca uma bola à frente da levantadora.

Jogada 8 - Pela posição 3, a atleta P3 ataca uma bola rápida próxima à levantadora (tempo frente), a atleta P2 ataca uma bola pouco mais alta atrás da atleta P3 ( Dismico).

Jogada 9 - Pela posição 3, a atleta P3 ataca uma bola rápida próxima à levantadora (tempo frente), a atleta P2 faz a variação da jogada anterior, atacando a bola na posição 2 atrás da levantadora (volta da dismico)

Jogada 10 - Pela posição 1 (P1), a atleta da posição 1 ataca uma bola atrás da levantadora, saltando do fundo da quadra (bola de fundo).

Jogada 11 - Combinação da atleta da posição 3 com a atleta da posição 1. A atleta P3 ataca uma chutada de meio, e a atleta P1 ataca uma bola de fundo.

Jogada 12 - Combinação da atleta da posição 3 (P3) com a atleta da posição 6 (P6). A atleta P3 ataca uma bola de tempo costas e a atleta P6 ataca uma bola de fundo pela posição 6

Jogada 13 - Combinação da atleta da posição 3 (P3) com a atleta da posição 6 (P6). A atleta P3 ataca uma bola chutada de meio e a atleta P6 ataca uma bola de fundo da posição 6.

Jogada 14 - Combinação da atleta da posição 3 (P3) com a atleta da posição 1 (P1). A atleta P3 ataca uma bola rápida atrás da levantadora (tempo costas) e a atleta P1 ataca uma bola da posição intermediaria 1 e 6.

As fintas individuais devem ser trabalhadas de acordo com as características de cada jogadora. A utilização destas fintas é ponto importante, porque facilita a ação e a eficiência do ataque e dificulta a ação do bloqueio adversário. Uma grande variação na corrida de aproximação para o ataque provoca na equipe adversária uma indefinição de onde e como será executado o ataque. Entende-se que o sistema ofensivo deve ser trabalhado de forma diferenciada. 

Primeiro ataque, ações de ataque realizadas após a recepção de saque e Contra ataques, ações realizadas após a realização de uma defesa. São situações com muitas diferenças, entre elas que em um primeiro ataque a ação anterior foi realizada pela atleta que realizou a recepção e as demais estão já prontas para o ataque, e na situação de contra ataque a grande dificuldade é a forca e direção do ataque adversário e a saída para o contra-ataque em uma situação de desequilíbrio. Ela vem após uma ação de bloqueio ou de uma ação de defesa. 

A combatividade é uma outra característica que é fundamental para uma boa atacante. A atacante deve alterna seus golpes em direção e em variação da força em todas as suas ações. Esta combatividade deve ser incentivada pelos técnicos, provocando nos treinamentos situações de competição entre seus atletas. Faz-se este tipo de treinamento com jogos de ataque contra defesa e ataque contra bloqueio. Importante é a pontuação nestes jogos, de forma que exista sempre um desafio a ser vencido.

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